Projeto Mangues da Amazônia entra na reta final unindo conservação, sustentabilidade e inclusão social

Data de publicação

Compartilhe:

Com dois anos de atividades, o projeto lança as bases para o uso sustentável da biodiversidade, ganhos no mercado de carbono e avanços na inclusão social de crianças e adolescentes.

Com conclusão prevista para dezembro de 2022, o projeto Mangues da Amazônia chega à reta final com contribuições que passam pela restauração do ecossistema até a educação e inclusão social, impactando direta e indiretamente cerca de 6 mil pessoas em Bragança, Augusto Corrêa e Tracuateua, municípios da região costeira do Pará.

Equipe Mangues da Amazônia e Comunitários da RESEX Marinha Caeté-Taperaçú (Bragança) realizam preparação de mudas para o viveiro de mangue. Foto: San Marcelo

Quando se fala em conservação da biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais e mudanças climáticas, os manguezais que beiram a maior floresta tropical do planeta, na costa do Pará, protagonizam ações socioambientais que – após quase dois anos de atividades em reservas extrativistas – já demonstram impactos positivos ao meio ambiente e à qualidade de vida na região, marcada pela tradição da pesca e captura de caranguejo. 

A zona costeira amazônica reúne a maior faixa contínua de manguezais do planeta, com uma área de cerca de 8 mil km. O desafio é mantê-lo bem conservado, aliando práticas produtivas e culturais à geração de renda e avanços da ciência, além da modernidade de novas tecnologias e da redução das desigualdades sociais nessa região.  

De acordo com o professor Dr. Marcus Fernandes, pesquisador do LAMA/UFPA, a participação da comunidade é fundamental. “Um importante diferencial para chegar a esses resultados é o fortalecimento da participação comunitária nas escolhas e decisões”, diz.

Até o momento, nas reservas extrativistas atendidas pelo projeto Mangues da Amazônia, foram plantados 7,3 hectares com espécies vegetais de mangue, capazes de capturar 220 toneladas de dióxido de carbono por ano. A meta do projeto é, até o fim deste ano, completar 14 hectares restaurados em conjunto com as comunidades que são parceiras na manutenção dos viveiros de mudas nas reservas extrativistas.

Ação de reflorestamento realizado pelo projeto Mangues da Amazônia. Até o final do projeto, serão 14 hectares de áreas reflorestadas. Foto: Lucas Maia

Uso sustentável da biodiversidade e inclusão social

No que diz respeito à produção sustentável, o Mangues da Amazônia mapeou áreas prioritárias à retirada de caranguejo-uçá e corte de madeira, com o objetivo de apresentar proposta de plano de manejo em algumas reservas extrativistas, incluindo regras e acordos de uso adequados à conservação da biodiversidade e expectativas das comunidades. 

No aspecto social, parte fundamental para o uso sustentável da biodiversidade, as atividades abrangeram desde a qualificação profissional de jovens até o debate sobre questões de gênero e garantia de direitos. John Gomes, gestor do projeto Mangues da Amazônia, celebra o quão longe o projeto chegou. “Fomos além do inicialmente proposto, atingindo lugares onde nenhum projeto dessa dimensão havia chegado com iniciativas socioambientais, culturais e diversas parcerias locais, levando a sensibilização quanto à questão dos manguezais também para as cidades”, ressalta. Entre os resultados, diz o engenheiro de pesca, foram propostas melhorias de políticas públicas socioambientais. 

O Mangues da Amazônia destaca as atividades educativas que envolvem mais de mil estudantes de diferentes idades: O Clube Recreio (crianças de 03 a 06 anos), o Clube de Ciências (10 a 12 anos), Protetores do Mangue (13 a 19 anos) e o AlfaMangue (07 a 10 anos), projeto voltado à alfabetização e que foi destaque recente no jornal Folha de S. Paulo. “É essencial envolver as novas gerações no debate sobre desenvolvimento sustentável”, pontua Gomes.

Jovens das comunidades atendidas pelo projeto participam do Curso de Informática Mangues da Amazônia, realizado em parceria com o IFPA Bragança. Foto: John Gomes

Até o fim do projeto, em dezembro de 2022, o Mangues da Amazônia irá finalizar um documentário e um livro narrando a experiência do projeto na conversação de manguezais. Uma publicação científica com os processos e resultados obtidos nas áreas sociais e ambientais também será disponibilizada. Esses materiais serão distribuídos em um circuito de ações acadêmicas e culturais, previstas para ocorrer em novembro e dezembro nas três RESEX atendidas pelo projeto, além dos municípios de Belém e Bragança.

Sobre o projeto Mangues da Amazônia

O Mangues da Amazônia é um projeto socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas do estado do Pará. O Mangues da Amazônia é realizado pelo Instituto Peabiru e pela Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental. O Mangues atua na recuperação e conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas no estado desde 2021 com foco na recuperação de espécies-chave dos manguezais com a integração das comunidades.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários:

    MAIS
    NOTÍCIAS